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>1Jo-2.19
O vers. 19 é importante para a doutrina da Igreja. É claro que essa gente, aí referida, tinha pertencido à Igreja visível, havia satisfeito os requisites externos de membros; mas, embora saíssem de nosso meio, podia dizer-se que não eram dos nossos. Isto nos adverte que se quisermos ser membros do Corpo de Cristo, é necessário que sejamos mais do que simples membros da Igreja visível; e também que não devemos esperar seja a Igreja visível sempre composta só de verdadeiros crentes. Ela pode até abrigar anticristos no meio dos seus membros professos.
>1Jo-2.20
Vós possuís unção (20). Quanto às notas sobre este verso, veja-se o parágrafo seguinte. O erro central dos hereges, como notamos na Introdução, era negarem que Jesus é Cristo (22), isto é, recusarem reconhecer que no homem Jesus de Nazaré vemos o eterno Filho de Deus tomando sobre Si nossa natureza. De acordo com um ponto de vista gnóstico, comum, o Cristo divino veio sobre Jesus, em Seu batismo, e dEle se afastou antes da crucifixão. É uma negação destas, de ser Jesus o Cristo, o que João está combatendo. Considera isto a mentira fundamental, subversiva de toda a verdade. A pessoa que deliberadamente erra aqui, não merece confiança em mais nada. É tremenda coisa dizer isto, mas significa que é tão forte a prova de que, em Jesus de Nazaré, Deus e o homem estão indissoluvelmente unidos, que não merece a mínima confiança a pessoa que não aceita isto. E culpada de mentira radical, fundamental (cfr. #Mc 11.27-33). Demais disto, esta negação do Filho tem conseqüências em relação com o Pai (23), porque se Jesus não é o próprio Filho de Deus, então não é o amor de Deus o que vemos revelado em Sua vida e morte. Somente em recebê-lO é que nos tornamos filhos de Deus (cfr. #Jo 1.12); por conseqüência, se O rejeitamos, não somos membros da família celestial e não temos o direito de chamar Deus nosso Pai.
João vê duas salvaguardas: o dom do Espírito Santo (20-27) e a simples e original mensagem do Evangelho (24). O dom do Espírito é chamado a unção que vem do Santo (20), isto é, que vem do Senhor Jesus Cristo (#Jo 16.7). Os mais velhos manuscritos dizem "todos tendes conhecimento", ao invés de "vós conheceis todas as coisas". Uma das características dos gnóticos era pretenderem possuir um conhecimento secreto, privativo de um grupo seleto. João diz que no Cristianismo não há tal grupo seleto, porque Deus dá Seu Espírito Santo a todos os crentes, e todos eles têm conhecimento. Por conseguinte, embora haja um lugar próprio para os mestres cristãos (como o indica a própria epístola), é verdade que em última instância o crente é independente do homem e deve sua iluminação diretamente a Deus (27).
A outra salvaguarda é a simples mensagem do evangelho, o que desde o princípio ouvistes (24). Este evangelho não se presta a diletantismo intelectual ou espiritual; é uma simples mensagem que apela a uma vida disciplinada pela fé. Talvez porque é tão simples, homens tais quais os mestres de heresias são sempre tentados a fantasiar e torná-la diferente do que é. Donde João instar solenemente com os seus leitores para que permitam esta mensagem permanecer neles (24) ou, o que dá no mesmo, permanecerem eles em Cristo (28). Só esta permanência pode nos dar confiança perante Ele.